Reflexões de final de ano.
Ao chegarmos
ao final de mais um período, quase sempre
somos levados a refletir sobre tudo o que
nele nos ocorreu.
A maioria de nós, ainda muito ligada à
matéria, percebe que esteve mais presa ao
desejo de possuir. Descobre que agiu como se
aqui chegasse para ficar eternamente,
vivendo em desequilíbrio, ora com exaltação
pelas vantagens, ora com depressão pelas
desvantagens materiais.
E cada um, não raro, atina ter dado maior
importância àquilo que serve a notoriedade e
abre a porta de um mundo transitório, os
valores materiais, como: dinheiro, aparelhos
eletrônicos sofisticados, jóias, carros,
aparência física, poder, posição social nos
diversos núcleos de convívio... Que
preferimos mais: a forma que o pensamento; o
provisório ao invés do definitivo; o meio
que a finalidade; a aparência da virtude, da
verdade e da justiça do que elas próprias...
E menos se interessou, quando não negou,
aquilo que abre a “porta do céu” como: a
caridade, a justiça, a verdade, a sabedoria,
a mansidão, a tolerância, a indulgência, a
paciência, a fé nos mais sábios desígnios de
Deus; enfim, em tudo o que nos proporciona
um melhor relacionamento com os irmãos da
família universal.
Muito raramente, portanto, lembramos da
verdadeira e definitiva aquisição, os
valores da alma.
Mas, será sem advertência que impera tal
estado de coisas?
Não, a voz do Meigo Nazareno, já há dois
milênios, nos aconselhou: “Não acumuleis
tesouros na Terra, onde a ferrugem e os
vermes os consumirão, onde os ladrões os
desenterram e os roubam; acumulai tesouros
no Céu...” (1)
E a voz dos espíritos, já há a um século e
meio, também veio em nosso auxílio, vejamos
exemplo: (2) “Por que tendes em tão grande
estima aquilo que brilha e que encanta os
olhos, ao invés do que vos toca o coração?
(...) Quando um rico cheio de vícios,
perdido de corpo e de alma, se apresenta em
qualquer lugar, todas as portas lhe são
abertas, e todas as atenções se voltam para
ele, enquanto é muito pouco digno
oferecer-se um gesto de proteção ao homem de
bem que vive de seu trabalho. Pobre raça
humana, cujo egoísmo corrompeu todos os
caminhos(...). Abre os olhos à luz: eis que
de volta as almas daqueles que se foram vêm
te lembrar dos teus verdadeiros deveres.
Elas te dirão, com a autoridade da
experiência, que as vaidades e as grandezas
de tua existência passageira pela Terra são
pouca coisa diante da eternidade. (...)
dirão que, lá, será maior quem foi mais
humilde entre os pequenos da Terra; que
aquele que amou mais seus irmãos será mais
amado no Céu(...)”
Não estamos aqui, sugerindo a absoluta
desvalorização aos bens materiais. Não é
isso! Necessitamos deles para garantir nossa
subsistência e progresso. Sugerimos somente,
o bom senso, a valorização relativa dos
mesmos, principalmente em face dos bens
espirituais. Sequer Jesus assim nos
aconselhou, pois disse: “Não acumuleis
tesouros na Terra”, não dizendo: Não possuís
tesouros na Terra.
Assim, reflitamos, sinceramente, se estamos
escolhendo mais acerta mente, quando
valorizamos mais a vida na terra que a
espiritual, ou quando buscamos ser grandes
perante os homens antes de o sermos perante
Deus.
1. Mateus, capítulo 6.
2. Bispo de Agir, Item 12, capítulo 7, do
Evangelho Segundo o Espiritismo.
Alecsandro
dos Santos
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